O vice-presidente do Flamengo, Marcos Braz, que se envolveu em uma briga em uma loja no Barra Shopping, na Zona Oeste do RJ, na terça-feira (19), disse ter sido verbalmente atacado por torcedores ao lado de sua filha. Também vereador do Rio de Janeiro, Braz alegou desrespeito com a criança. Segundo o mesmo, ainda foi ameaçado de morte.
“Eu falei sistematicamente para ele que a minha filha estava lá e ele falou: foda-se a sua filha.”
” Vocês veem que eu saio procurando a minha filha [após a briga]. O meu cálculo rápido, por eu não estar com segurança e meu carro está longe, porque o Flamengo só me dá segurança em dias de jogos, foi de voltar para a loja”, disse o dirigente, que completou:
“Fui ameaçado de morte do lado da minha filha de 14 anos”.
No laudo do IML, Marcos Braz, dirigente do Flamengo e vereador do Rio de Janeiro sofreu um corte no nariz, e o torcedor, Leandro, uma mordida na região da virilha.
“A lesão apresentada é compatível com mordidas humanas, na região do terço superior da coxa direita”, consta o resultado do exame de corpo de delito de Leandro, em contusão classificada como em “formato ovular” pelo perito. Já em relação ao ferimento de Marcos Braz, o laudo indica “ação contundente e ferida contida no nariz”.
Foto: Reprodução/GloboNews
Coletiva de Marcos Braz
Marcos Braz concedeu entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (21), no Ninho do Urubu, CT do Flamengo. Após a entrevista, o elenco voltou aos treinamentos de olho na decisão de domingo. Às 16h (de Brasília), no Morumbi, o rubro-negro terá de reverter a vantagem de 1 x 0 do São Paulo se quiser ser campeão da Copa do Brasil.
“Viemos para esclarecer alguns fatos e situações. Reportagens que foram feitas e que não procedem com o fato. Acho que com o tempo, as verdades vêm aparecendo. Eu anteontem (terça) fui no Barra Shopping comprar um presente para a minha filha. Minha filha fazia 15 anos no dia seguinte. Minha filha não mora comigo, mora com a mãe. Ela chegou ao shopping com a mãe, e eu cheguei depois. Parei para tomar um café e falei rápido com minha filha.”
“Imagine ela com 14 anos e mais duas amigas, e eu fui para uma determinada loja para comprar um presente para ela. Quando eu estava dentro da loja, conversando com a vendedora no fundo da loja, dois ou três homens e mais algumas pessoas no fundo começaram a questionar, começaram a fazer cobranças, e aconteceram vários eventos. Nesse momento, que durou alguns minutos, não abri a minha boca. Não falei absolutamente nada. Todas as cobranças e algumas ameaças, eu não abri a minha boca. Por quê? Tinha um casal com um recém-nascido. Tudo que estou falando aqui vai estar nas imagens.”
“Volto para a loja, e duas ou três pessoas filmando. Eles fizeram de tudo, e eu não abri a minha boca. Eles foram embora. Continuei lá. Falei: “Segue aí”. Uma de pessoa de outro time falou: “Braz, é isso mesmo que vocês passam?”. Disse: “É isso mesmo”. A esposa dele estava nervosa. Minha filha chega junto com duas amigas, e eu ainda comentei com a pessoa ao lado: “Graças a Deus não estavam aqui”.
” Minha filha me beija, me abraça, eu brinco com ela, e ela vê o pingente que ela quer. Posteriormente, ela decide o que queria e diz: “Pai, vou ver o que quero na vitrine”. Elas ficam em frente à loja um pouquinho à direita. E aí chega o rapaz que deu problema. Ele chega e começa as ameaças. Dessa vez de maneira diferente. Tanto que nas gravações que esses dois ou três fizeram não aparece eu falando da minha filha ou discutindo com eles. Para esse rapaz, e minha filha estava ao lado (também vai aparecer nas filmagens). Outros irresponsáveis de grandes canais falando que eu estava com segurança…”
“Mas vou voltar ao que me interessa. Aí vem o cara, e eu falo: “Minha filha está aqui do lado”. E ele falando, falando, falando. A filha via o pai sendo ameaçado de morte, fui na direção dele e falei sistematicamente que a minha filha estava ali.”
“A última frase: “Foda-se a sua filha”. O final vocês viram. Eu tenho o problema lá. Os fatos foram postados rapidamente. Parece que fizeram a conta: 40 segundas. Preciso abordar o tema.”
“Eu saio passando a mão no nariz e saio procurando a minha filha. Qual foi meu cálculo rápido? Eu não vou para o meu carro porque não tenho segurança e ele não estava perto. Por eu não estar com segurança e por o Flamengo não me dar segurança, eu volto para a loja.”
“Antes de eu subir para o mezanino da loja, já estava viralizada. Fiz um comentário para o cara da loja: “Se a gente tivesse entrado na porrada e você tivesse algum problema, eles já estavam longe”. Como o final não foi muito bom como o rapaz achava que ia ser, eu preferi não sair porque eles iam chamar mais gente.
“Iam chamar mais na internet. Eu chego, fico dentro da loja, e chegam dois policiais militares e perguntam como eu estava. Eles dizem que eu tinha de ir para a delegacia. “Está explodido na internet, e a gente foi acionado”. Perguntou se eu queria ir para o hospital, mas eu tive um cortezinho.
“Fui para a delegacia e lá eu prestei os esclarecimentos. Deixei claro na delegacia as ameaças de morte. Claras as ameaças junto à minha filha. Fui ao IML (Instituto Médico Legal) e fui para casa para tocar a vida de novo.”
“Queria deixar claro que quando eu aceitei o cargo de vice-presidente do Flamengo, até por ser criado dentro da Gávea e desse ambiente, eu tinha noção clara do que é ser VP de futebol. Eu sei da pressão, dos questionamentos e das situações políticas. Sei que os resultados às vezes não vêm, os resultados esportivos não vêm. E os jornalistas que passaram esses cinco anos aí podem falar tudo de mim, mas acho que são testemunhas fortes de que jamais tive problema com torcedor, jamais fiz banana para o torcedor. Eu convivo bem com essa pressão. Às vezes a pressão é acima do tom, mas eu estou acostumado com isso.
“Quando digo que estou acostumado, é porque estou acostumado com o questionamento. Há críticas positivas que você tira do contexto. O evento que teve no shopping nada tem a ver com pressão ou questionamento esportivo. Nada tem a ver com contratar bem ou não.
“Vocês têm que acreditar de mim. Eu fui ameaçado e ameaçado de morte ao lado da minha. Eu sou preparado para estar no cargo. Para isso, eu não me preparei, talvez eu tenha tido uma atitude diferente. Para ser ameaçado do lado da minha filha e ela sendo ameaçada também verbalmente, in loco, é diferente também.
“Não estou diminuindo a gravidade. Uma coisa é ser ameaçado de internet, outra coisa é um maluco com cara de transtornado falando que vai te matar e dizendo que a cobrança será diferente se os resultados de domingo não forem positivos.
“Peço desculpas pelo transtorno que causei. Peço desculpas a pares da diretoria e à torcida do Flamengo. Peço desculpas por não ter me preparado para ser ameaçado por torcida na frente da minha filha. Tenho três jornalistas que me batem bem porque eu estou acostumado. Não posso ter situação sistêmica ao lado da minha filha.
[As] Terças e quintas, das 13h às 16h, você dá presença virtual para você entrar no sistema. Eu posso falar, ouvir e tenho conhecimento das pautas a serem votadas ao longo do dia. As 16h, se você não botar o dedo lá na Câmara [dos Vereadores] você toma falta e é descontado. Fizeram a matéria e só esqueceram de dar esse detalhe. Eu tomei a falta, não fiz nenhuma ilegalidade, e serei descontado”, disse.