Chapecoense: símbolo de luta, força, resistência. Um time que, há sete anos, no dia 23 de novembro de 2016, carimbava o seu passaporte para final da Sul-americana contra o Atlético Nacional de Medellín, da Colômbia.
A campanha
Foto: Chapecoense
Na primeira rodada, o Verdão precisou reverter uma derrota fora de casa e virou um jogo na Arena Condá, para passar pelo Cuiabá. Aqui a epopeia ganha o seu primeiro herói: Bruno Rangel, que já era ídolo do clube.
Após passar pelo time brasileiro, a Chape tinha pela frente um gigante argentino, o Independiente, o “Rei de Copas”. Agora, a epopeia ganhava o seu maior nome: Marcos Danilo Padilha, o goleiro Danilo. No confronto com os hermanos, o camisa ‘1’ da Chape defendeu quatro pênaltis e foi fundamental para classificação às quartas de final.
Contra os colombianos do Junior Barranquilla, nas quartas de final, o Verdão teve um caminho até certo ponto tranquilo. Após perder fora de casa, o time entrou na Arena Condá e conseguiu golear por 3 a 0. Assim, garantiu a classificação para a semifinal.
O jogo contra o San Lorenzo
O jogo era contra o San Lorenzo, da Argentina, na Arena Condá, em Chapecó. A equipe comandada por Caio Júnior havia segurado o 1 a 1 no Nuevo Gasómetro, em Almagro, e precisava apenas não levar gol. No último minuto de jogo uma falta perto da área no lado esquerdo do campo.
A bola foi alçada na área e, Collocini, do San Lorenzo, chutou completamente livre de marcação na pequena área. Ali, naquele momento, parecia que o sonho do primeiro título internacional da Chapecoense estava indo embora, parecia que iria ser gol do time argentino.
Danilo, foi o Condá!
Mas Danilo Padilla, goleiro histórico da Chapeterror, numa defesa sensacional com o pé, fez os torcedores que lotavam a arquibancada enlouquecerem. Até o narrador do jogo, Rafael Henzel, foi às lagrimas com a enorme defesa de Danilo. O x 0 e Chape na final.
“Danilo, Danilo, Danilo, foi o Condá! Foi o espírito de Condá que salvou essa aí! Vai acabar o jogo, não vai ser agora e não vai ser mais. Acabou! Como é rica a história da Chapecoense. A Chapecoense está na final da Copa Sul-americana”, foi assim que narrou.
Aos gritos de “Vamo Vamo Chape”, os jogadores comemoravam no vestiário. A Chapecoense encantava não somente o Brasil, mas o continente sul-americano. Mas, mal sabiam eles que o pior infelizmente iria acontecer.
O fatídico 29 de novembro de 2016
29 de novembro de 2016. O avião Lâmia, que transportava a histórica delegação da Chape, caiu quando já estavam sobrevoando a Colômbia rumo à Medellín. No Brasil era 3h (de Brasília), da madrugada.
Dor, sofrimento, apreensão. Foram esses os sentimentos de todo brasileiro quando acordava naquela fatídica manhã, quando souberam que 71 pessoas, jogadores, diretores, comissão técnica, jornalistas, já não estavam mais vivos. A busca constante por sobreviventes perdurou por mais de 24h.
Foto: Twitter
A principal delas foi Danilo Padilla, o arqueiro que deu a vaga na final para Chape. Mas, após horas de busca, também foi confirmada a morte do goleiro.
Sobreviventes
Até que veio um alento. Jackson Follman, goleiro reserva, Neto, zagueiro, e Alan Ruschel, lateral, foram encontrados com vida e encaminhados para um hospital mais próximo. Follman inclusive teve que ter uma das pernas amputadas devido aos ferimentos.
O jornalista Rafael Henzel, que narrou a histórica classificação, tinha sobrevivido, mas faleceu em março de 2019, vítima de um infarto.
Vamo vamo Chape!
Na Colômbia, no mesmo dia, moradores se reuniram para prestar homenagens às vítimas. Foi ali, naquele momento de dor, que ecoou a música:
“Qué se escuché, en todo el continente, siempre recuperaremos, campeón a Chapecoense”. Em português “Que se escute, em todo o continente, sempre recordaremos a campeã Chapecoense.”
Por aqui, todos os jornais, todas as pessoas estavam abaladas. No dia 8 de dezembro daquele ano, data marcada para a final, centenas de brasileiros e colombianos lotavam o Couto Pereira, estádio em Coritiba, e começaram a cantar “Vamo Vamo, Chape” em homenagem.
O mesmo aconteceu na partida de ida, no Estádio Atanásio Girardot.
O enterro
“Sejam bem-vindos, de volta à casa”. Quem não se lembra dessa frase dita por Galvão Bueno quando os corpos dos atletas chegavam para o enterro na mesma Arena Condá, em Chapecó. Quem não se emocionou com a mãe de Danilo abraçando o repórter do SporTV, Guido Rodríguez.
O Indiozinho Condá, mascote da Chape, que entrou no gramado em um dia chuvoso com seus pais ao som do hino do Verdão: só saudades.